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Como a Meditação entrou na minha vida?

Hoje eu trabalho e pesquiso sobre meditação, mas o meu “rolo” já é bem antigo.

Algumas pessoas não sabem, mas, eu fui durante 10 anos Frei Franciscano (OFM), na Ordem fundada por São Francisco de Assis.


No processo de formação, vivenciei a etapa chamada Noviciado, “o grande silêncio”, um momento que considero que foi divisor de águas na minha vida espiritual. Vivi por um ano em um Convento São Boaventura, no alto do Vale do Taquari. Junto com meu formador, Frei Blásio Kummer, me aprofundei em práticas de contemplação, tão especiais para São Francisco, o poverello de Assis. Este, cultivava em sua vida, momentos de profundo silêncio e conexão com Deus na Igreja de São Damião, nos bosques e montanhas do vale de Perugia.

Os anos seguiram. Depois do curso de Filosofia e durante a teologia, tentei aprofundar os estudos sobre os eremitérios, em especial sobre as capelas dos eremitérios. Eremitérios são lugares para o cultivo da Palavra, do silêncio e da solidão… imprescindíveis na vida religiosa. Em uma palestra, o então Provincial, hoje Dom Inácio Muller, disse que não podíamos cultivar nossa espiritualidade apenas com o “Oficio”, mas que precisávamos de momentos de silêncio e quietude. Isto me marcou.

Tentei levar minha prática pessoal para os lugares em que trabalhava, como no Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis, na periferia de Porto Alegre. Na casa Santa Clara, tive o apoio da Bruna, uma jovem que trabalhava lá, e que é muito identificada com o carisma franciscano. Com aquelas crianças em situação de vulnerabilidade entendi duas coisas;

  1. precisamos adaptar a linguagem quando falamos de mística, espiritualidade e silêncio

  2. O Silêncio faz bem e, pode conduzir todos para o encontro com o sagrado.


Na época, percebemos que aqueles momentos estavam fazendo bem para as crianças e os adolescentes. É claro, não era uma pesquisa quantitativa — mas conseguimos perceber que aqueles momentos semanais de silêncio estavam ajudando em vários âmbitos, mas, qualitativamente falando, o mais evidente era a diminuição da violência.


Continuei minha jornada… Em Roraima, região Amazônica, vivi um período cheio de desafios internos… pois foi lá que decidi sair da Ordem, a contemplação silenciosa me ajudou a olhar para o meu íntimo, e assim, responder com maturidade e responsabilidade sobre os rumos que iria dar para minha vida. Me mantive firme na busca de um cultivo e de uma mística interior.


Comecei a trabalhar na PUCRS, e junto com o Prof. Leonardo Agostini, então coordenador do Centro de Pastoral da PUCRS, apresentei uma proposta, que lapidamos e apresentamos para o Pró-reitor da PROEX, Ir. Marcelo. Este, confiou no nosso “projeto teste” . O projeto não só deu certo, como foi ampliado. E lá se vão quase três anos. A pandemia fez com que assumíssemos um ritmo slow nas ações, mas o projeto continuou/continua contribuindo de maneira significativa com a comunidade acadêmica, mesmo que online.



Eu sigo o caminho de cultivo pessoal, mas, percebi que posso aprofundar a prática da meditação junto a ciência. Mudei meu projeto de vida, larguei o curso de mestrado e me enveredei pela Psicologia. Campo este, que estou a cada dia mais identificando. Quero poder olhar para a meditação e a espiritualidade com as lentes da psicologia, neurociência, filosofia e com os olhos da fé… para saber como e quando a meditação pode ser um instrumento na psicoterapia. Quero descobrir quais os impactos da meditação no bem-estar subjetivo e entender como ela pode ajudar nos processos pedagógicos universitários e muito mais.... Mas isso é para os próximos textos. ;)

Enfim, brevemente, este é um pouco da minha relação com a meditação.

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